Por: Alfredo Júnior
Cientistas iranianos desenvolveram um método biotecnológico que permite transformar penas de aves, tradicionalmente tratadas como resíduos de baixo valor, numa farinha proteica com potencial para uso na alimentação animal. A indústria avícola produz milhões de toneladas de penas por ano e, apesar de este material ser rico em queratina, a sua estrutura altamente resistente faz com que a biodegradação natural seja extremamente lenta e o aproveitamento nutricional seja limitado. Normalmente, o tratamento convencional exige altas temperaturas e pressão, processos que acabam por degradar aminoácidos essenciais e reduzir ainda mais a qualidade do produto final.
A nova abordagem usa enzimas específicas, conhecidas como queratinases, capazes de quebrar as ligações da queratina sem danificar os nutrientes. Ao aplicar estas enzimas, os investigadores conseguiram decompor as penas de forma eficiente e convertê-las numa farinha rica em proteínas e aminoácidos, adequada para ser incorporada em rações. A solução apresenta vantagens ambientais expressivas, ao reduzir a quantidade de resíduos que seriam queimados ou enviados para aterros, e vantagens económicas, já que permite transformar um subproduto da indústria avícola em matéria-prima aproveitável, reduzindo custos de alimentação e criando novas oportunidades de valorização.
Apesar do potencial, o método ainda enfrenta desafios ligados à produção em larga escala, ao controlo de custos e à necessidade de garantir que o produto final cumpre normas de segurança e qualidade nutricional. Ainda assim, o avanço representa um passo importante para a economia circular no sector agroindustrial, mostrando como a biotecnologia pode transformar resíduos resistentes e de baixo valor em recursos úteis, sustentáveis e economicamente viáveis.
