[ai_summary timestamp=”05/12/2025 às 01:02″ summary=”O FMI divulgou um relatório sobre as stablecoins, destacando o potencial destes ativos digitais para melhorar o sistema de pagamentos global. Estas moedas virtuais, que mantêm paridade com moedas fiduciárias, podem tornar transações internacionais mais rápidas, baratas e seguras, promovendo a inclusão financeira. No entanto, o FMI alerta para os riscos que estas inovações representam, como a estabilidade financeira, política monetária e soberania dos países, especialmente para economias emergentes. As stablecoins podem corrigir custos elevados e lentidão nas transações internacionais, beneficiando trabalhadores migrantes e microempresas. Ao combinar programabilidade, eficiência tecnológica e estabilidade de valor, as stablecoins diferenciam-se das criptomoedas voláteis, facilitando a integração segura nos ecossistemas financeiros e comerciais.”]
<
p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>Novo relatório do FMI analisa oportunidades e ameaças das stablecoins e defende coordenação regulatória internacional para evitar fragmentação, riscos sistémicos e perda de autonomia monetária nos países emergentes.
As stablecoins — activos digitais concebidos para manter paridade com moedas fiduciárias — surgem como uma das tecnologias mais promissoras para transformar o sistema de pagamentos global. O FMI argumenta que podem tornar transacções internacionais mais rápidas, baratas e seguras, ao mesmo tempo que ampliam a inclusão financeira e reduzem fricções que há décadas penalizam consumidores, migrantes e pequenas empresas. Contudo, o Fundo Monetário Internacional também alerta que estas inovações podem introduzir riscos significativos à estabilidade financeira, à política monetária e à soberania dos países, sobretudo das economias emergentes e em desenvolvimento.
Stablecoins E O Potencial De Redução De Custos Nos Pagamentos Globais
O relatório sublinha que as stablecoins podem corrigir fragilidades históricas do sistema financeiro global, nomeadamente os elevados custos dos pagamentos internacionais e a lentidão das compensações transfronteiriças. A possibilidade de liquidação quase imediata e com custos inferiores aos sistemas tradicionais é vista como um avanço estrutural. O FMI reconhece que estas tecnologias podem reduzir barreiras que actualmente afectam de forma mais intensa sectores vulneráveis, como trabalhadores migrantes e microempresas dependentes de fluxos financeiros rápidos e previsíveis.
O organismo nota ainda que, ao aliarem programabilidade, eficiência tecnológica e estabilidade de valor, as stablecoins diferenciam-se das criptomoedas voláteis e criam condições para integração segura em ecossistemas financeiros e comerciais.
Os Riscos Macroeconómicos Que Podem Reverter Os Benefícios
O FMI identifica riscos profundos que acompanham a expansão global das stablecoins. O primeiro relaciona-se com a capacidade de influenciar ou enfraquecer mecanismos tradicionais de transmissão da política monetária, sobretudo em economias com instituições frágeis. Países que enfrentam inflação elevada, baixa credibilidade monetária ou sistemas financeiros vulneráveis podem ver a sua arquitectura económica pressionada por activos digitais que concorrem com a moeda nacional, aumentando a dolarização e reduzindo a autonomia monetária.
O segundo risco prende-se à possibilidade de desintermediação financeira. Se utilizadores migrarem para stablecoins emitidas por grandes empresas tecnológicas, parte significativa dos depósitos poderá sair do sistema bancário tradicional, afectando crédito, liquidez e estabilidade das instituições financeiras.
O relatório destaca ainda riscos associados à gestão das reservas que sustentam estas moedas. Emissões sem transparência, sem auditoria ou sem liquidez suficiente podem criar vulnerabilidades semelhantes a uma corrida bancária digital, com contágio transfronteiriço rápido e difícil de controlar.
A Ameaça À Soberania Monetária Nas Economias Emergentes
O FMI argumenta que o impacto das stablecoins sobre a soberania monetária será mais severo nos países emergentes. Nestas economias, onde a confiança na moeda local pode ser limitada, stablecoins referenciadas ao dólar ou ao euro podem tornar-se uma alternativa sistemática, alterando padrões de poupança, crédito e pagamentos.
Caso a adopção seja massiva, governos podem perder parte do controlo sobre a política monetária, sobre a estabilidade de preços e sobre a gestão cambial. Receitas fiscais ligadas a actividades financeiras e circulação monetária também podem ser afectadas.
O FMI sublinha que a concorrência desregulada entre moedas digitais privadas e moedas nacionais pode reconfigurar o sistema financeiro de forma assimétrica, ampliando vulnerabilidades já existentes.
Fragmentação Reguladora E Risco De Arbitragens Transfronteiriças
A ausência de coordenação regulatória global é uma das maiores preocupações do relatório. Cada país tem avançado com abordagens próprias, criando um mosaico normativo que facilita arbitragem regulatória e fragiliza a supervisão. Segundo o FMI, esta fragmentação cria terreno fértil para riscos sistémicos, sobretudo se emissores de stablecoins operarem em múltiplas jurisdições sem padrões comuns de transparência, liquidez e gestão prudencial.
O Fundo alerta que discrepâncias legais podem dificultar respostas coordenadas em situação de crise, ampliando o risco de contágio financeiro internacional.
A Importância De Infra-Estruturas Públicas Digitais
Como resposta, o FMI defende a criação de infra-estruturas públicas digitais que permitam inovação privada sem sacrificar estabilidade. Sistemas de identificação digital, redes de pagamentos instantâneos, padrões de interoperabilidade e mecanismos de verificação são apresentados como pilares necessários para um ecossistema financeiro moderno e seguro.
Estas infra-estruturas também permitem que governos mantenham alguma capacidade de supervisão e garantam que stablecoins funcionem dentro de quadros regulatórios claros, previsíveis e compatíveis internacionalmente.
Oportunidades Para Empresas, MPME E Comércio Global
O relatório destaca que stablecoins podem aumentar eficiência, reduzir riscos operacionais e melhorar previsibilidade nos fluxos financeiros. Empresas exportadoras e importadoras podem beneficiar de liquidações mais rápidas, eliminando atrasos típicos do sistema bancário tradicional. Para MPME de países africanos, a capacidade de enviar e receber pagamentos com custos reduzidos pode facilitar integração em cadeias de valor globais, melhorar tesouraria e reduzir exposição ao risco cambial.
Ao mesmo tempo, stablecoins podem fomentar inovação financeira e novos modelos de negócio, incluindo microfinanciamento digital, contratos inteligentes e plataformas de comércio automatizado.
Um Equilíbrio Necessário Entre Inovação E Estabilidade
O FMI reforça que o potencial transformador das stablecoins depende da existência de uma supervisão robusta e coordenada. A instituição defende que emissores devem ser sujeitos a regras claras, reservas transparentes e requisitos prudenciais comparáveis aos do sistema financeiro formal.
A inovação, afirma o Fundo, não pode avançar sem garantias de que riscos sistémicos serão controlados. A coordenação global é vista como essencial para assegurar que stablecoins contribuam para um sistema financeiro mais eficiente, inclusivo e resiliente, sem comprometer soberania monetária, estabilidade macroeconómica ou integridade financeira.
As stablecoins representam uma mudança estrutural no panorama dos pagamentos globais, combinando eficiência tecnológica com potencial inclusivo. Contudo, o seu avanço sem regulação adequada pode introduzir riscos severos para economias frágeis, para a estabilidade financeira internacional e para a soberania monetária. O FMI defende que o futuro destas moedas digitais dependerá de um equilíbrio delicado entre inovação, supervisão e coordenação global, garantindo que os benefícios se materializam sem comprometer a segurança do sistema financeiro.
Fonte: O Económico

